terça-feira, 22 de dezembro de 2020

"Por aquele caminho"

Letra da canção "Por aquele caminho", de José Afonso

Descrição:

Documento com a letra da canção "Por aquele caminho", de José Afonso.

Este documento encontrava-se no acervo pessoal de José Mário Branco junto dos documentos utilizados na gravação do álbum "Venham mais cinco" de 1973, no qual José Mário Branco participou como instrumentista e como responsável pelos arranjos e direcção musical.

Esta letra foi musicada por Adriano Correia de Oliveira e Rui Pato, tendo sido editada no LP "O canto e as armas" de 1969.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Urbano Tavares Rodrigues

6 de dezembro de 1923 - 9 de agosto de 2013

“Foi através de José Manuel Tengarrinha que conheci o Adriano Correia de Oliveira.Depois do 25 de Abril acompanhei algumas vezes o Adriano em especial ao Alentejo e até por vezes o solicitei (levei-o por exemplo à minha Faculdade de Letras, onde teve um êxito assombroso) e, embora ele colhesse o seu reportório fundamental na Praça da Canção e em O Canto e Armas, admiráveis textos poéticos de denúncia do fascismo e da guerra, uma vez ou outra lá vinha a Margem Sul, quase esquecida.

Militante da liberdade e da esperança, com o seu sorriso cândido, a sua estatura imponente, levava a alegria aos lábios das moças e a força de ânimo a quantos recebiam a sua mensagem de combate, cheia de sol. Parecia às vezes um herói grego, desses que enfrentavam monstros e prodígios”.

Avante 2007.10.11

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Homenagem

De Rui Pato

Foi há 38 anos

Nunca estive, nem voltarei a estar num palco com tanta gente boa, com tanto talento, e principalmente, com tanta amizade pelo "grande" ADRIANO. Foi Carlos Paredes, Carlos do Carmo, Sérgio Godinho, José Mario Branco, Luis Cília, José Niza, Octávio Sérgio, António Portugal, António Bernardino, Trovante, Sérgio Mestre, Paulo Vaz de Carvalho, Zeca Afonso (que não cantou), Manuel Alegre, etc, etc. A encenação esteve a cargo do Morais e Castro. Foi uma noite memorável.

A Organização pertenceu à Associação de Estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa e teve o apoio do Conselho directivo dessa faculdade.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

1º Encontro da Canção Portuguesa

Data de 29 de Março de 1974 o 1º Encontro da Canção Portuguesa, organizado pela Casa da Imprensa no Coliseu dos Recreios.

No meio dos presentes está a "Bufaria" que faz o relato de tudo para entregar aos "Bufões". Lá constam vários nomes conhecidos e históricos na Música Portuguesa, não constando ainda Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso.

Todo o texto, incluindo rasuras são da responsabilidade dos "bufos" e este documento, possu-o há décadas. Nunca o divulguei por nenhum motivo especial mas, agora que dei com ele, vou repartir com este Grupo que muito poucos terão assistido.

É uma homenagem singela ao grande músico Adriano, ao meu colega de armas e a todos que gostam dele.

José Paredes

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

1-8-0

1-8-0 - era um programa dos Emissores Associados de Lisboa, à noite: 180 minutos de música e rubricas de correspondentes em diversas capitais europeias. Regularmente, tinha emissões musicais ao vivo, com cantores credenciados e novos. Em 1971, cantaram Tony de Matos e Adriano Correia de Oliveira, este com disco recentemente editado por Arnaldo Trindade.

Rogério Santos 12/03/2020

Diário Popular, 9 de fevereiro de 1971

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Testemunho da filha Isabel Correia de Oliveira

"Quando o Adriano, o meu pai; abruptamente me deixou eu tinha quinze anos. Estava como se costuma dizer no auge da minha adolescência, com tudo de bom e menos bom que qualquer jovem pode viver e aspirar nessa altura. Frequentava a Escola Secundária procurava estudar, às vezes não muito; conviver e divertir-me com os amigos.

Foi pois estranho, confuso, doloroso vê-lo partir, nesse dia, se a memória não me atraiçoa ameno de Outubro, já lá vão precisamente 31 anos. Era o colo, o carinho, a mão firme e amiga que eu perdia. Sim porque o Adriano, o meu Pai, era muito carinhoso, atento e brincalhão comigo ou melhor connosco, eu e o meu irmão José Manuel, que é um pouco mais novo.

Hoje, melhor que ontem, percebo o significado que tem e teve para nós filhos a perca de um pai numa fase tão importante do nosso desenvolvimento como seres humanos. Tanto mais que não era um Pai qualquer, pois era atento, presente, interveniente com os filhos; sempre preocupado para que pudéssemos alcançar o melhor para as nossas vidas.

Para além disto eram tantos os amigos adultos com quem eu jovenzinha convivia, lá em casa, nos jantares ou nos breves ensaios ou nas muitas viagens que também fiz pelo país quando para cantar aqui ou ali me deslocava com ele, a minha mãe e o meu irmão. Não há nada que substitua a sua ausência física, mas nos momentos mais difíceis que terei vivido é justo dizê-lo tive sempre uma boa almofada da minha família materna. E hoje orgulho-me do que ele foi e fez, ao ouvir tantos amigos falarem-me do seu valor, da sua determinação, da sua coragem. Mas principalmente sensibiliza-me muito saber da sua coerência, da firmeza das suas convicções e do seu profundo espírito solidário e amigo.

Teria com certeza os seus defeitos, mas quem os não tem? Nós somos humanos! Mas talvez o maior deles fosse viver intensamente as suas paixões, emoções e convicções e transportar com ele uma enorme solidariedade e disponibilidade para por elas dar o seu melhor.

Durante bastante tempo procurou-se esquecer o Adriano, particularmente a Rádio e a Televisão por omissão passam ao lado da sua obra, talvez por ela estar profundamente enraizada na Revolução de Abril.

O Adriano, o meu Pai; atribuiu a si mesmo uma missão. Lutar pelas suas ideias e através da sua música e das suas canções com a sua voz ímpar levá-las onde fosse necessário. E como todos - camponeses, operários, estudantes, intelectuais sabem, fê-lo com grande empenho e determinação.

Por isso, quem procurar fazer esquecer Adriano, comete uma injustiça e engana-se, porque as suas ideias e a sua obra não se esquecem, nem se apagam. Estão aí e bem vivas.

É com muito prazer que presto este breve depoimento e aproveito para agradecer a todos aqueles que tudo têm feito, para que o Adriano, o meu Pai continue entre nós.

Isabel Correia de Oliveira

foto: a filha Isabel (nasceu em 1967) - lado direito, O bebé é o irmão José Manuel nascido em 1971

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Cantarabril

«A Cantarabril era mais uma central de telefonemas (...) Eu queria fazer uma inventariação de todas as salas de espetáculo, para cativar a malta nova. Em vez disso foi o sectarismo e caiu-se naquela coisa de interesses, de arranjar espetáculos para os amigos. Eu não fiz lá nenhum espetáculo e quando expulsaram o Adriano demiti-me logo.

O Adriano era um personagem sui generis, com os seus problemas, falta de adaptação a uma nova realidade, mas nada disso foi compreendido. Ele ia pouco às reuniões do partido e, quando ia, dizia: o que o Cília disser eu estou de acordo.»

Luís Cília

terça-feira, 6 de outubro de 2020

O Canto de Intervenção

«A canção, antes do 25 de Abril, desempenhou um papel importante, um papel complementar da outra luta, a luta política junto das massas populares e da classe operária. Ela foi o estímulo, o grito de alerta, a denúncia da ausência de liberdade, da exploração na terra e na fábrica, da guerra e da emigração.

Pela minha parte, insisti muitas vezes em fazer canções que pudessem tocar, de certo modo, as pessoas, naquilo que elas pudessem compreender mais facilmente. No caso da guerra colonial, o Ministro da Defesa, o Sá Viana, referiu-se, em dado momento, aos «efeitos demolidores» no moral das tropas que certas canções produziam. Eu tive que responder duas vezes ou três perante a polícia política por causa dessas canções. Portanto: a canção teve uma certa eficácia, nesse aspecto».

Adriano Correia de Oliveira

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Hinos e bandeiras

«(...) Sobretudo a cantar Manuel Alegre - primeiro com música de António Portugal, depois também sua e do José Niza - o Adriano transformou as suas cantigas em hinos e bandeiras não só da nossa geração, como de toda uma juventude e de todo um povo que lutaram pela libertação e dignificação da sua pátria.»

José Carlos de Vasconcelos

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

As Trovas

«(...) Foi então que se deu o encontro da poesia e da música, do poema e da voz (...) A tensão vivida, a energia nova exigem uma poética nova, uma poética activa e útil (...) a vontade de mudar criava uma nova ética e precisava de uma nova estética (...) E assim nasceram as trovas»

Manuel Alegre in Recordar Adriano Correia de Oliveira

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Solidário

"É pela mão de Adriano que muitos novos cantores e músicos surgem. Acontecimentos musicais determinantes para o futuro, todos com a marca de luta antifascista, sucedem-se. A televisão cobre em directo um espectáculo de fados e baladas de estudantes de Coimbra, a propósito da Queima das Fitas. De súbito uma voz admirável eleva-se para cantar a Trova do Amor Lusíada e Trova do Vento que Passa. É a voz de Adriano que, com a coragem que o acompanhou durante toda a vida, não deixa fugir a oportunidade de enfrentar o poder. É um escândalo. A emissão é interrompida."

Jornal Avante N.º 1767 de 11.Outubro.2007

foto: Zeca e Adriano

domingo, 14 de junho de 2020

Coliseu dos Recreios - 1964

De Rui Pato

Adriano e Amália em 1964 no mesmo espectáculo.

Era o tempo do fado de Coimbra apreciado e solicitado para ser ouvido nos palcos mais prestigiados.

terça-feira, 2 de junho de 2020

A CENSURA

De Rui Pato

De vez em quando tenho que voltar aqui , a propósito do José Afonso, para lembrar aos mais novos e aos mais velhos ...mas de memória curta...como era difícil para o Zeca, ter oportunidade de cantar. Vejam como está feita a notícia neste jornal a anunciar em Ovar uma noite de Baladas: anunciam o Adriano, o Manuel Freire e garantem que está assegurada a presença de "outro prestigioso intérprete"...O nome do Zeca , se aparecesse na notícia, o espectáculo seria cancelado.
Serve também esta minha nota para lembrar aos tantos "amigos" que o Zeca tem por aí espalhados, que o Zeca tem muita história, muita luta, combate e dificuldade nos "contos velhos"... muito antes dos "rumos novos".

terça-feira, 19 de maio de 2020

Adriano com Rui Pato

De Rui Pato

Antigamente, eu e quase toda a gente que andava pelos palcos e pelas festas como músico, nunca se preocupava em ser fotografado , em ficar com esses momentos registados para a posteridade. Se eu tenho fotos com o Zeca, com o Adriano, com o Francisco Martins, com o Portugal, Brojo, etc, etc...é porque havia alguém no espectáculo que tirava a foto e depois nos oferecia. Fiz, sem exagero mais de 50 espectáculos com o Adriano...pois tinha apenas duas fotos com ele e, hoje, deram-me uma outra , é a terceira.... Foi o Zézé Eliseu Trego, que ma veio oferecer. Julgo ser dos finais dos anos 60 e, pela cadeira, pelo público nos bastidores, pela cortina, paredes de pedra tosca e escadotes...penso ser no velho Avenida. Eu, no momento, devia estar a fazer um solo, pois o Adriano está sem microfone. Até arriscaria dizer que também cantou o Zeca (no chão está outra viola). Enfim...é uma curiosidade e uma recordação de um grande amigo e de um grande artista.